Ouvindo Hurts, uma banda que faz um som british pop com uma pegada dark que eu irei falar mais sobre esse meu novo vício. Mas o assunto de hoje é sobre um vício antigo, e com a conterraneidade de Hurts. Após a maratona do ENEM, mente a todo vapor para elaborar uma boa redação de uma maneira culta acho que após 7 horas do término da prova me resta um pouco dessa capacidade mental. Mas sem mais enrolação:
Juro solenemente não fazer nada de bom.
Bom, desde que eu era um projeto de gente, entrando na pré-adolescência, ouvindo frequentemente Avril Lavigne, Blink 182 e Green Day, comecei a ter contato de coisas foras das fronteiras brasileiras, e por sugestão de uma amiga de escola (apenas de escola porque ela morava na fazenda) comecei a ler Harry Potter. Essa coisa que foi dificil de pronunciar no começo e mais dificil ainda de se entender do que realmente se tratava. O mais incrivel foi como tudo conspirou para que eu lesse os livros, a biblioteca da escola faltava todos os livros imagináveis, para trabalho usávamos aquelas enciclopédias gigantes porque a internet era meio raro onde eu morava, e ironicamente tinha dois volumes de Harry Potter lá, obviamente os dois primeiros, lembro da dedicatória na contra capa, sendo doado por um politico da cidade que estava querendo incentivar a leitura e doou os livros que a filha já tinha lido.
Se eu não me engano só haviam lançado dois ou três livros, e quando eu peguei aquele livro com o bendito Harry Potter segurando o rabo de uma coisa não identificado, que por hora pensei ser um tipo de arara vermelha extinta e li o titulo: Harry Potter e a Câmara Secreta que logo foi tomado das minhas mãos aos berros pela minha amiga propulsora dizendo: Não, esse é o segundo, você tem que ler esse.
E me entregou esse livro acima em perfeito estado por sinal, logo conclui que a filha do tal politico era cuidadosa. Como sempre fui um estudante disperso, não prestava muita atenção nas aulas, e me lembro até hoje, a Dona Luisa na sala de aula, explicando matéria de matemática e eu comecei a analisar o livro. Achei a capa bem viajada, se eu fosse eu naquela época, diria meio psicodélica... Uma bola dourada de asas, unicórnio, um cão em cima do outro, e o mais, um menino voando em uma vassoura com um echarpe vermelho. BINGO. Logo concluí que era a história de um pequeno bruxo, que até então minha amiga tinha se recusado a me contar sobre o que se tratava o livro, com a promessa de: Apenas leia (sim ela era muito culta) você vai adorar.
Como não tinha nada pra fazer o dia todo depois da escola comecei a ler naquele dia mesmo, e eu sempre gostei de ler, desde pequeno, lia muitos gibis, revistas, e qualquer coisa com letras que aparecia por perto. Li o livro em uma rapidez enorme, como era difícil manter a atenção, ainda mais a casa infestada de primos e amigos, as vezes eu lia a página toda de novo, então no fim do dia estava faltando pouco para terminar e no outro dia de aula eu já tinha assunto e dúvidas com a minha amiga que me deu um Lumus.
Bom, isso foi uma pequena história
que ninguém quer saber de como eu viciei em Harry Potter, nos meses seguintes eu li outros livros, e todo recreio era a mesma coisa, comprávamos o lanche, sentávamos na arquibancada da quadra isoladamente trazendo suspeitas de um "namoro" entre a gente, várias pessoas pensando isso, e nos zoando, mas ela era do terceiro ano enquanto eu era da sexta, não me lembro a relação, mas era a grande a diferença escolar. Hoje penso porque ela deu moral para um pivete como eu, e fico me remoendo em pensamentos de destinos em uma viagem infinita.
Enfim, comentávamos muito sobre os filmes, ficávamos revoltados como cortavam cenas importantes que haviam no livro para os filmes, formávamos parzinhos românticos com os personagens, e idolatrávamos outros. Todo recreio era assim, os preciosos 15 minutos e únicos de cada dia com apenas um assunto. E eu adorava.
Mudei de cidade e os personagens se trocaram, do grandes seios para um peito cabeludo minha amiga foi substituída pottericamente falando por um amigo. O fanatismo entre nós era mais intenso ainda, como a trama foi evoluindo e nos dando mais materiais, nós formulávamos teorias, e a formulação de parzinhos perdurou de uma cidade para outra, e o idolatrismo mudou de mãos. Passamos horas lendo fanfics, e notícias, o
Oclumência era de longe o site mais visitado por mim. E sempre com a tradição de ler o livro primeiro e depois ver o filme.
2 dias ou 3 dependendo da grossura do livro, era o tempo em que eu lia um novo livro de Harry Potter, e me orgulhava de dizer isso, que eu lia tão rápido, as pessoas ficavam impressionadas, me achavam fanático, e isso massagiava meu ego de uma tal forma que batia recordes de quantos dias lia um livro. Mas não me esqueço de uma aventura, em especial, do 7º livro Harry Potter e as Reliquias da Morte, recentemente lançado na Inglaterra na época como de praxe, os potterianos se juntaram e fizeram uma tradução feita por fãs 3 dias depois do lançamento do livro, uma coisa impressionante, que eu nem tive tempo de pensar o quanto eles eram fodas
O que todos diziam agora era concreto, eu era um fanático, um pottermaniaco, seguia as vidas dos personagens religiosamente, sabia tudo de cor, Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Alan Rickman entre vários outros. Eu me orgulhava disso, e agora com a estreia da primeira parte do último filme me deu uma enorme nostalgia do que me seguiu por toda infância está se acabando. Histórias não somente escritas pela brilhante J.K Rowling, mas histórias de vidas e momentos em torno da trama me vem a cabeça, e me faz relembrar tudo, do começo ao fim. Me da saudades as vezes, de ser completamente submerso nos livros, de entrar na trama, de idolatrar personagens. Posso dizer, a minha infância foi a mais mágica possível.
Malfeito Feito.